quarta-feira, 15 de junho de 2011

A INVEJA: Por quê temer as pessoas invejosas?



A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível, mas porque se compõe, em essência, de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio de autovalorização, de tal modo que a alma, dividida, fala para fora com a voz do orgulho e para dentro com a do desprezo, não logrando jamais aquela unidade de intenção e de tom que evidencia a sinceridade.
Sim, eis um dos sentimentos mais torpes e difíceis de serem eliminados da alma humana. Trata-se de um dos vícios que mais causa sofrimento à humanidade.
Onde houver apego à materialidade das coisas, notadamente em seu significado, naquilo que o objeto de desejo simboliza em termos de bem-estar e status quo, aí estará à inveja, sobrevoando os pensamentos mais íntimos qual urubu ou abutre insaciável, esfomeado pela carniça.
O ser humano torna-se invejoso quando desiste intimamente dos bens que cobiçava, por acreditar, em segredo, que não os merece. O que lhe dói não é a falta dos bens, mas do mérito.
Torna-se necessário, contudo, diferenciar a inveja, a cobiça, da busca do bem-estar.
Não acredito que seja errado trabalhar para conquistar o conforto necessário, visando o aprimoramento e a eficiência em determinada atividade, sem causar prejuízo ao próximo.
Creio até que se alguém possui um objeto ou uma virtude que nos falta, desejá-los com humildade e sinceridade não é inveja. Entretanto, há pessoas que basta alguém se destacar em alguma área, por mais ínfima que seja e lá estará o invejoso, pronto para apontar o seu dedo “sujo”, e tentar minimizar o feito do outro. E qualquer coisa já é motivo para a criatura surgir.
Esse sentimento mesquinho envolve de tal forma que reúne subgrupos dentro de um mesmo grupo, a popular panelinha, que se arma contra os que conquistaram, ao longo do tempo, o seu espaço por mérito moral e intelectual, e promovem fofocas, “queimam” pessoas, “malham” as legítimas lideranças, desmerecem o trabalho realizado, e promovem intrigas. Tudo por inveja. Não há dor de cotovelo que suporte o sucesso alheio.
É por isso que, quem sabe como um castigo, a cobiça proporciona um quadro de morbidez e infelicidade para aquele que convive com esse sentimento, e é impossível separar a inveja da falsidade.
Geralmente a inveja no trabalho é relacionada ao desempenho do outro na profissão, e o é pior fazer com que este sentimento negativo prejudique a toadas as pessoas que estão ao redor.
É triste perceber que a inveja é um sentimento que aos poucos entra nas pessoas, isso de maneira pequena, sem que a mesma perceba, com isso, as pessoas invejosas não querem somente o que o outro tem, mas sim que o outro não tenha.
As formas de dissimulação são muitas, mas a inveja essencial, primordial, tem por objeto os bens espirituais, porque é mais abstrato e impalpável, mais apto a despertar no invejoso um sentimento de exclusão irremediável que faz dele, em vida, um condenado, alguém preso ao seu próprio inconsciente ditando formas de reação capazes, de muitas vezes, lhe destruir.

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