sexta-feira, 18 de junho de 2010

DEFINIÇÃO DE SAUDADE

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Li a esse artigo e, sinto a necessidade de compartilhar com os meus amigos:

Como  médico  cancerologista,  já  calejado  com  longos 29 anos de atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.

Recordo-me  com  emoção  do  Hospital  do  Câncer  de  Pernambuco,  onde  dei  meus primeiros passos como profissional... Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com  o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. 

Até o dia  em  que  um  anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois  longos  anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas  de  químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes;    também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!

Um  dia,  cheguei  ao  hospital  cedinho  e  encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.

— Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores... Quando eu morrer,  acho  que  ela  vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Indaguei: 
— E o que morte representa para você, minha querida?
— Olha  tio,  quando  a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)
— É isso mesmo.
— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei  "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela.

Emocionado,  contendo  uma  lágrima  e um soluço, perguntei: 
—  E o que saudade significa para você, minha querida?
— 
Saudade é o amor que fica!

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