Por que precisamos envelhecer? Por que precisamos lembrar do
passado como se a distância fosse por demais longínqua? Por que precisamos
compreender que os conhecidos não são os amigos a quem tanto admirávamos? Por
que temos que descobrir que o universo é tão grande e estamos tão sós? Por quê!?
O tempo revela a cada um de nós uma inútil sabedoria, capaz
de destruir sonhos e ilusões que traçamos como objetivos em nossa existência.
Ficamos à mercê do destino e, por mais que busquemos desviar das armadilhas,
elas sugam as nossas energias como se determinassem que somos pó e ao pó
retornaremos.
Enquanto criança os nãos surgem e invadem a nossa mente com a
rapidez que não sabemos conter; e a adolescência – período em que tão jovens e
cheios de ânimo poderíamos desfrutar felizes do viver - somos arrebatados para decidir o que sequer
sabemos, como e para onde seguir. Assim, alguns são revelados e se revelam na
incessante ideia de que a vida absorverá tudo o quanto desejar. Ledo, triste
engano!
Vamos sendo engolidos e devorados brutalmente por nossos
semelhantes, numa luta desesperada e disputada por algo que em nada nos
conduzira a uma meta que possa traduzir em dignidade. Tentamos nos esconder na
vaidade inescrupulosa, cada vez que oferecemos aos nossos olhos o que o espelho
da alma não reflete; nos enfeitiçamos com o amanhecer, e o entardecer quer
sepultar de maneira sórdida, tudo o quanto gostaríamos de esconder ou fugir.
E, meio a tantas dores e arrabaldes, somos captados por uma
pseudo alegria, momentânea, doentia e frágil, onde as lágrimas dão lugar ao
sorriso triste e melancólico, quase doentio.
É preciso ser forte, é necessário combater a solidão em meio
a tantos seres ao nosso redor. É preciso sorrir, ou até gargalhar para que
possamos abafar o grito e a dor. Nada nos resta a não ser acreditar no
inimaginável, no desconhecido, no escuro temido e não desvendado, na morte como
esperança de que ainda haverá um lugar onde possamos cantar e poder acreditar:
o que ficou não retorna, o que vem talvez possa retornar, o que passou
esvaiu-se, e, se deixou lembranças que sejam recordações que não mais devem
retornar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário