sexta-feira, 25 de maio de 2012

A CIDADE E A SOMBRA:SALVADOR/ BAHIA.



Estamos retornando a era das cavernas, ao princípio dos tempos, a era em que os homens (considerados seres racionais) e os bichos (provavelmente! Irracionais) buscavam as descobertas, a socialização.
Salvador, uma das capitais do Brasil considerada ápice do turismo, hoje se torna um celeiro de todos os tipos de perversões: homicídios, sequestros, estupros, desrespeito de toda a natureza. Até o carnaval que foi o foco da atenção mundial, hoje, é determinante entender que os nascidos na capital buscam fugir para o mais longe possível; E, se pensarmos nas micaretas, há de se entender que a violência é a grande atração da festa. Quando digo violência não me refiro apenas à pancadaria, mas as letras das músicas, as pessoas que frequentam as festas, e enfim a tudo o que circunda.
Descobrir uma família onde possa ser concebida a palavra respeito em nossa cidade é quase que merecedora de uma condecoração, vez que essas se desgastaram ao passar dos tempos. Estamos enclausurados em nossos apartamentos através de preços exorbitantes de condomínio, na tentativa de nos protegermos e óbvio, aos nossos filhos, de uma vida digna, onde brincar de pega-pega, esconde-esconde, pula corda etc., se tornaram obsoletas e substuiídas garbosamente por espaços “gourmet” ou áreas para a recreação infantil. Se fugirmos desse jogo caímos em espaços considerados perigosos de sobrevivência. Todavia é bom lembrar que se os aniversários acontecem, e principalmente se for debutante, melhor recorrer a espaços onde tenha um maior número de seguranças para que o evento possa transcorrer numa pseudo seguro manifestação de esplendor.
Enquanto isso, os jovens buscam os limites, imploram para que lhes seja concedida a honra da educação. E educação? Qual? Em casa? Na escola? É difícil entender que vivenciamos o caos? Os colégios quando públicos tornaram-se alvo do desamor: docentes sendo expostos como se marginais fossem, discentes vivem á mercê; Mas se recorremos aos particulares, à situação também é catastrófica, vez que manter um filho – vejamos, mencionei um filho, a mensalidade é avassaladora.
E a saúde na capital baiana? VIXE!!!! Aí é melhor nem se pronunciar, pois os hospitais públicos estão abandonados; postos de saúde não existe o que dizer porquanto somos testemunhas de um palco de horrores. Sim, temos hospitais particulares. Entretanto, como ter acesso se nem salário para comer o nosso povo tem?
Resta recorrer à segurança. SOCORRRO!!!!! É tiro, muita bala perdida, muitos jazem em via pública, e até em suas próprias casas.
Não há governantes nem governados. É licito expor que outrora a Bahia de ACM – grande líder baiano – era conhecida por suas praias de areias brancas (Ah! Dorival Caymmi), onde “sem lenço, sem documentos, nada nos bolsos ou nas mãos” – o nosso Caetano observava que Gil expandia-se em formosuras através dos seus poemas cantarolados. E se Raul Seixas percebia a mosca em nossa sopa, teríamos muito que aprender.
Hoje nem governantes nem governados, nem justiça a ser respeitada... Perdemos o foco de tudo. Tornamo-nos reféns do medo, da vida e da morte; não temos e nem sabemos em quem confiar, nós estamos à deriva. As nossas lágrimas secaram tal qual a seca que assola ao nosso interior.
Quem sabe se essa nossa raça sofrida pudesse exprimir em um gemido a sua dor, quem dera pudéssemos remoer as nossas origens e voltássemos a engatinhar, quiçá relembrássemos de que a evolução faz parte da nossa espécie, e não nos debatêssemos nessa lama imunda e nojenta que entristece aos olhos dos que teimam em dizer: sou sim de Salvador.

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