segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Feridas na Alma



Ficamos postergado a vida
Em busca de outra chance
Em busca de novo viver.
E eis que a vida perpassa
- em um instante –
E, quando tanto desejamos,
Não temos mais o querer.

De repente senti que era muito estranho. Tudo tão diferente. Apenas idosos refugiados em silêncio estavam ali depositados; Mergulhavam em um enigma indecifrável.
O silêncio era presente em uma cidade atormentada pelo barulho crucial da metrópole. E nada quebrava a aquele momento; E os que por ali passavam, escondiam no semblante a intrigada imagem.
O que se passava no universo daquelas pessoas?
Não encontrei respostas ... Apenas questionamentos cada vez mais insistentes a clamar talvez por um refúgio. Eram humanos com feições tristes, amarguradas, abatidas, sequer transpareciam a ansiedade do querer. Apenas repetiam gestos e palavras automaticamente.
De repente uma figura feminina surgiu bem lá, ao fundo daquele local. Parecia cumprir a um ritual preparatório. Logo depois o som de acordes de um violão, e alguém gemeu a um canto triste e melancólico, anunciando a chegada de outro homem, o qual murmurava palavras repetitivas ... programadas. Não havia calor no que dizia. Por alguns segundos ali permaneceu, e calou –se sem que sequer fosse notado.
O primeiro homem mais uma vez pegou do violão e cantou porém de nada adiantou.
A mulher reaproximou –se, começou a ler algo que fez com que os presentes ficassem de pé, até que foi interrompida por uma voz rouca a falar sobre o perdão. Pediu que refletissem: não há limites para o perdão!
Mais uma vez o primeiro homem pegou o violão e cantou muito mais alto, até que emudeceu.
Enfim, a grande maioria se pronunciou através do enfileiramento, de cabeça baixa, mórbidos ... pareciam sofrer, todavia não mais haviam forças para lutar.
Eram feridas abertas na alma que não cicatrizavam, eram dores que não sanavam.

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