Uma das questões mais discutidas na sociedade atual é a
longevidade. O aumento da população idosa em todo o mundo, acrescido do aumento
da expectativa de vida alterou sensivelmente os valores e paradigmas até então
vigentes, sobretudo no que se refere à velhice. Em face desta nova realidade
que ora se desenha a sociedade, em suas diversas instâncias, precisa rever seus
modelos, redimensionar seu olhar frente a este “novo” contexto. Esta mudança do
envelhecer deixa de ser encarado como um fardo unicamente natural para ser
concebido como processo cujo desenvolvimento envolve a vida humana.
Lirismo poético á parte, se faz necessário realmente encarar
a triste realidade em que se encontram os sobreviventes de uma espécie que
hoje, esta sendo dizimada, nos momentos de maior vigor, ou por que não dizer,
no florescer da juventude. Em verdade, os idosos apenas continuam a fazer parte
de um contexto social onde sequer temos o abrigo adequado, ou estrutura
emocional para lidar com tal situação. E, em meio a um cenário em que as velhas
certezas dão lugar à incerteza, a busca por referências passa a ser um
lugar-comum entre os indivíduos.
A família deveria ser o ponto de apoio do idoso em todos os
momentos e circunstâncias. Todavia, - quem sabe - estamos sendo pegos de
surpresa.
O indivíduo moderno esta sendo impelido a adaptar-se às novas
circunstâncias, sendo uma das condições o ajustamento aos novos modos de ser e
estar no mundo, haja vista a quebra quase total dos regimes de disposição
hierárquicos, e valores que classificava, e ordenava as identidades sociais no
antigo paradigma.
No Brasil, a aprovação unânime do Estatuto do Idoso pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal em Setembro de 2003 veio tentar
minimizar a um problema que urge por soluções. É necessário compreender que num
mundo onde a estética de beleza esta edificada através dos moldes menos dignos
possíveis, onde o dinheiro perpassa as fronteiras para edificar de modo vil e
cruel a tudo o que é capaz de se tornar identidade elegível, tão somente e
porque demonstra a força por meios monetários, o “velho” torna-se trapo, sem
sequer ter condições de “reciclagem”, caso não disponha do dinheiro para que
possa “comprar” o afeto, na maioria das vezes.
É preciso urgentemente compreender que a velhice deve ser
considerada como a idade da vivência e da experiência, que jamais devem ser
desperdiçadas. E, no futuro bem próximo todos os que se veem apenas com o vigor
da juventude, logo serão absolvidos pela fase que “acreditaram!” não existir em
sua vida. Se não estivermos conscientes dessas transformações e preparados para
enfrentar esta nova realidade, estaremos fadados a viver em uma civilização
solitária e totalmente deficiente de direitos e garantias na terceira idade.
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