quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016




Descubro aos poucos o quanto o tempo passa, que já não tenho os mesmos sonhos, e sequer os mesmos sentimentos. Percebo que ao invés de me sentir preenchida, tenho medo do vazio que inunda ao meu ser.
Hoje, tenho medo das pessoas e também nelas não confio, e nem acredito no amor (bobagem seria dizer verdadeiro amor, porque se amor fosse, o real seria verdadeiro).  Vejo em minha volta e ao menos me sinto um pouco assegurada porque busquei proteger a minha velhice com o que plantei com muitas dores quando jovem. Lutei para possuir uma casa, e por mais simples que fosse, saberia que era um teto e nele estaria coberta; lutei incansavelmente para que não apedrejassem a minha memória e deixassem que eu pudesse percorrer as linhas tortas e sinuosas que a vida nos propõe com dignidade.
Escrevi um livro, plantei uma árvore e tive filhos ... O livro me oferta sonhos intermináveis, e o desejo de transpor a barreira no inimaginável; a árvore cresceu e faz sombra diante dos meus pensamentos, ofertando com suas folhas a brisa do vento a acariciar o meu rosto sofrido e cansado. Os filhos! Ah os filhos! Lutei para que se tornassem adultos alfabetizados, que soubessem o valor de um grão de feijão, e sobretudo que tivessem temor a um Ser Superior, pois. Nele criei a minha fé, e dela indiscutivelmente não me afasto. Mas, o tempo escravizou me diante dos infortúnios, das mentiras e do poder; Tornei – me frágil e insegura, temerosa e tristonha diante do que penso que errei, pois construí.
E o livro pede que não lhe abandone e escreva novas memórias, que acrescente novas estações, que preencha as muitas e muitas páginas que ainda poderão ser escritas. Sussurra que ainda não estamos no capítulo final´.
A árvore busca me convencer de que poderei ter abrigo em sua sombra que não me assombra, que deverei olhar firme o horizonte e acreditar que nada é finito.
Olho em volta, e debruço – me em lágrimas aflorando saltitante em meus olhos, como se pedissem permissão para um novo olhar. Sei que tudo se perde, mas tudo se cria, se renova, e reverte.
E, como se a roda gigante da vida girasse velozmente, sinto quanto preciso viver, preciso de amparo, de carinho, de ao menos uma razão para crer .... A vida é como uma grande roda, e darei a volta inteira, todavia haverá um momento em que poderei observar  que muitos outros nela vão girar.

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