sábado, 18 de agosto de 2012

97 anos: SABEDORIA e DOR.





Nem imagino e nem tenho sabedoria o bastante para sequer compreender, o que é vivenciar quase um século, diante de uma humanidade a cada dia mais distante do verdadeiro ser.
Creio mesmo que ultrapassar a barreira do som, transpor aos mistérios do universo, e tantas outras fronteiras ditas como intransponíveis é muito menos do que ter nascido no início do século XX, e vivenciar lucidamente as loucuras do século XXI.
Sim, ver, sentir, ouvir e compreender e nada poder mudar ou ao menos tentar readaptar é uma das tarefas mais difíceis para quem observa com o olhar de lince, e perspicácia de uma águia, aos encantos e desencantos das épocas.
Imaginar-se no planeta dito como o seu, e não ter diante de si mais nada do que viu desfilar da sua aguçada retina: pais, parentes e amigos que há muito seguirão em direção ao universo contemplado, costumes, hábitos, músicas, e a tão temida tecnologia avançada com efeitos em 3D, tornam-se quase que conto de fadas, ou histórias que desabrocharam de um livro cujas páginas são escritas com a verdadeira narrativa da vida.
E a velhice tão cantada em versos, apenas desafia a linha melódica, pois a rima é triste e dolorida como tudo o que é oferecido aos nossos idosos. E, falar desse assunto é bastante triste e doloroso, uma vez que para reagir contra o estigma e à discriminação dos idosos, por exemplo, se faz necessária uma abordagem em diversos aspectos.
As correrias do dia a dia, as mudanças constantes de paradigma conduziram o homem a agir irracionalmente, e esquecer-se dos valores ancestrais. Num contexto onde tudo se dissolve, tudo se apaga, são deletados todas as situações que não oferecem algo em troca, que possa garantir o “lucro”... E o idoso-para esse mundo irracional – é prejuízo!
 E anestesiados pela dor da solidão, do abandono, os nossos velhinhos aguardam o dia da partida cultivando as suas frustrações, as suas dores, as suas lágrimas contidas nesse recorte de tempo em que ciclos abrem e se fecham, todavia não conseguem trancar ao coração que pulsa na esperança de um simples aperto de mão.

Um comentário:

  1. que lindo... que alegria... parabens... a minha avó completa este ano 94. abraços lamarque

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